quinta-feira, 22 de abril de 2010

Dedos molhados de sonhar

Debrucei na varanda a música quieta que chuviscava por meus dedos magros

Eis que, do pôr-do-sol, surge tu, como poesia que baila ao vento. E do sorriso que se existia nos teus olhos veio o voto vermelho do sangue que fervia em anseio.

Enrolei as idéias, que quase se desmanchavam em maré de mistério e fiz uma trança dourada de contos de fadas para te permitir invadir-me a sacada secreta, gritando em bruxaria-já quase adormecida.

Inventei de meus lençóis um abrigo, onde pudesse trancar teu cheiro em tesouro proibido. Algemei teus tempos para assim, enfim, roubar-te o romance e o sentir.

Eternizei teus lábios nos meus famintos, que febris de ambição devoram cada palavra que me cantas em ardor de paixão.

E assim, em música, suor e sonho, leva-me daqui para todo o sempre ao céu sem limite de fim.

Pelas asas de arcanjo, onde a poesia se faz em mágico encanto e o nascer do sol mera ludicidade de onde não se faz mais pranto.

Que dos felizes então para sempre se faça o sonho.