quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Conto de Fadas



Era uma vez, um nariz que se apaixonou por um pescoço e um pescoço que enlouqueceu de paixão por um nariz. E quando, por fim, os dois se uniram no contato mais sublime, surgiu o arrepio. Como uma onda faminta a devastar a superfície da pele.

Era uma vez uma boca que caiu em graças por um sorriso e um sorriso que se exaltou por uma boca. E quando o sorriso transformou-se na mordida que assinou o vermelho dos lábios surgiu o desejo. Como um incêndio a consumir o intimo da alma e assassinar a razão.

Era uma vez um par de olhos que se extasiaram por uma canção e uma canção que se perdeu no profundo dos olhos. E quando a canção se tornou mais pujante que o sol constrangendo os olhos a se fecharem e nublarem em emoção surgiu a chuva. Como uma tempestade enlouquecida a evadir-se pela esquina dos olhos, querendo ser artifício da doce melodia.

Era uma vez um coração que se apaixonou por outro e o outro que se perdeu de amores pelo um. E quando, fatalmente, o latejo de ambos transformou-se num singular ritmo surgiu muito mais do que arrepio, o desejo mais intenso ou a tempestade mais possante. Surgiu Universo! E como a própria explosão milagrosa e espantosa das estrelas, a luz do universo elevou os corações a algo muito além que qualquer compreensão humana e mística... Onde beijos foram empalhados e emoldurados, onde as palavras delicadas exalam perfumes irresistíveis e abraços brancos encobrem e protegem de tempestades.

Era uma vez duas histórias que esquecerem a razão de não ser apenas uma.