Debrucei na varanda a música quieta que chuviscava por meus dedos magros
Eis que, do pôr-do-sol, surge tu, como poesia que baila ao vento. E do sorriso que se existia nos teus olhos veio o voto vermelho do sangue que fervia em anseio.
Enrolei as idéias, que quase se desmanchavam em maré de mistério e fiz uma trança dourada de contos de fadas para te permitir invadir-me a sacada secreta, gritando em bruxaria-já quase adormecida.
Inventei de meus lençóis um abrigo, onde pudesse trancar teu cheiro em tesouro proibido. Algemei teus tempos para assim, enfim, roubar-te o romance e o sentir.
Eternizei teus lábios nos meus famintos, que febris de ambição devoram cada palavra que me cantas em ardor de paixão.
E assim, em música, suor e sonho, leva-me daqui para todo o sempre ao céu sem limite de fim.
Pelas asas de arcanjo, onde a poesia se faz em mágico encanto e o nascer do sol mera ludicidade de onde não se faz mais pranto.